O que são Orixás na Umbanda?

Raphael PH. Alves

7/24/20255 min ler

Se você tá aqui lendo isso, é porque em algum momento se perguntou: "Afinal, o que são os Orixás na Umbanda?" A gente cresce ouvindo falar de Iemanjá, de Ogum, de Xangô… mas nem sempre explicam direito. Uns acham que é tudo deus, outros misturam com santo católico, e vira aquela confusão. E tá tudo bem, porque a Umbanda é uma religião de muitos caminhos, mas vamos tentar clarear isso aqui juntos.

Esse papo é de umbandista pra quem tá buscando entender. Sem linguagem difícil, sem umbandez enrolado, e principalmente sem aquele papo com cara de inteligência artificial que tenta parecer espiritual. Aqui é vida real, terreiro, chão batido e coração aberto.

Primeiro: Umbanda não é politeísta. Ponto.

Essa é a primeira coisa que precisa ficar clara: a gente acredita em um único Deus. O Criador, o Supremo, aquele que está acima de tudo. Pode chamar de Olorum, Zambi ou Tupã – depende da raiz de onde você vem. Mas é um só. A Umbanda é monoteísta, assim como o Cristianismo, o Judaísmo, o Islamismo.

"Mas e os Orixás então?" – você pode perguntar.

Olha só, pensa no seguinte: assim como o cristão acredita em um Deus e também em anjos, santos e arcanjos, a gente também acredita em Deus e nas suas manifestações – que são os Orixás. Eles não são deuses separados. Eles são forças, qualidades divinas que vêm do Criador. Cada Orixá é uma face desse Deus agindo no mundo.

Os Orixás são as Qualidades de Deus em Movimento

Olorum é a Fonte. Os Orixás são a expressão dessa Fonte. São como os raios de uma luz branca que, ao passar por um prisma, se transformam em várias cores. Cada cor é única, tem sua própria vibração, mas todas vêm da mesma luz.

Então quando você sente amor, você tá vibrando na força de Oxum. Quando sente fé, tá com Oxalá. Quando sente aquela coragem de meter o pé na porta e abrir caminho, Ogum tá contigo.

– Oxum não é a deusa do amor. Oxum é o Amor Divino em ação.
– Oxalá não é um senhor de cabelos brancos flutuando por aí. Ele é a Fé viva.
– Ogum não é um guerreiro com espada. Ele é a própria Lei em movimento, que faz, resolve e impõe ordem.

Cada Orixá é uma força, uma energia viva que rege partes da Criação e desperta isso dentro da gente também.

Os Orixás são as Energias Fundamentais do Universo

Eles não são só “espíritos” ou “entidades”. São as energias que moldam e sustentam o mundo. Cada elemento da natureza vibra com a força de um ou mais Orixás:

Xangô vibra no fogo da justiça e da transformação.
Iemanjá e Oxum nas águas que geram vida, emoção e acolhimento.
Iansã no vento que move e transforma.
Obaluayê na terra que cura, transmuta e recicla tudo.
Ogum nos caminhos, nas estradas, no fazer acontecer.
Oxóssi nas matas e no conhecimento ancestral.
Oxalá na paz, na fé e na elevação.
Nanã nos pântanos, no lodo que guarda os segredos da vida e da morte.
Oxumaré no arco-íris, na conexão entre céu e terra.

A gente encontra o axé dos Orixás direto na natureza. Não é à toa que quando vamos fazer uma firmeza ou uma oferenda, escolhemos o ponto de força certo – não é só bonito, é técnico, é mágico, é sagrado.

Cada ponto de força é um portal. Uma conexão direta.

Quando você entrega uma oferenda numa cachoeira pra Oxum, você tá abrindo um campo energético, uma sintonia com a vibração dela. Não é "dar comida pro santo", é troca de axé, é magia viva.

As Sete Linhas e os Orixás que Regem a Vida

Na Umbanda, a gente organiza toda essa energia divina em Sete Linhas. Cada Linha representa um sentido da vida e é regida por um par de Orixás um masculino e um feminino que se equilibram e sustentam tudo.

Aqui vai o resumo pra você entender:

  • Linha da Fé – Oxalá e Logunan (Oiá-Tempo)

  • Linha do Amor – Oxumaré e Oxum

  • Linha do Conhecimento – Oxóssi e Obá

  • Linha da Justiça – Xangô e Iansã

  • Linha da Lei – Ogum e Egunitá

  • Linha da Evolução – Obaluayê e Nanã

  • Linha da Geração – Iemanjá e Omolu

Cada uma dessas Linhas é uma vibração essencial pra vida acontecer com equilíbrio. Isso é o Setenário Sagrado da Umbanda. Isso é a base espiritual da nossa fé.

Orixá é Divindade. Guia Espiritual é Espírito Trabalhador. Não confunda.

Muita gente mistura as coisas e pensa que o Caboclo ou Preto-Velho que se manifesta no terreiro é o Orixá. Mas não é.

Orixá não incorpora. Ele é energia divina pura, não tem história humana, não "baixa" em ninguém.
Guia espiritual é quem trabalha na caridade, se manifesta nos médiuns, dá passe, aconselha, cura, ensina. Ele atua na vibração de um Orixá, sim, mas não é o Orixá.

Um Caboclo de Ogum, por exemplo, é um espírito que vibra na Linha da Lei, com axé de Ogum, mas é um espírito de um ser que já viveu, evoluiu e agora tá ali, trabalhando com a gente.

Isso é lindo demais, porque mostra como a Umbanda é inclusiva e universal. Não importa quem você foi na última vida – o que importa é o que você faz com seu axé agora.

E os Exus e as Pombagiras? Vamos tirar o preconceito do caminho

Exu não é o diabo, ponto final. Isso é fruto de ignorância e racismo religioso.

– Existe o Orixá Exu, força divina da comunicação, do movimento e do vazio criador.
– E existem os Exus de trabalho, que são espíritos que atuam como guardiões, segurando a bronca no astral pesado, fazendo a limpeza, colocando ordem e protegendo os caminhos.

Exu é Lei. É Justiça. Trabalha com a esquerda da Umbanda, mas sempre dentro da Lei Maior. Sem ele, não tem terreiro seguro.

Pombagira é a força do desejo, da liberdade, da mulher que sabe o que quer. Não é promiscuidade, é potência feminina em ação. Ela cura, ela fortalece, ela ajuda a gente a romper com tudo que nos oprime.

Entender os Orixás é entender que a espiritualidade tá pulsando aqui, agora, dentro e fora da gente. Ogum vive na nossa coragem. Oxum vibra quando a gente ama. Xangô se manifesta quando buscamos justiça.

Orixá é força, é presença, é axé vivo. Não tá no céu longe de nós – tá na mata, no rio, na pedra, no nosso coração.

Que o axé dos Orixás te guie, te proteja e te fortaleça.

Saravá! Bora Despertar.

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