Mitos sobre a Incorporação na Umbanda

Raphael PH. Alves

7/24/20253 min ler

Hoje vamos falar de um tema que, sinceramente, ainda gera muita confusão e preconceito por aí: a incorporação na Umbanda. E pra deixar tudo nos eixos, vou quebrar alguns mitos que muita gente ainda carrega, às vezes por falta de estudo, às vezes por medo do que não entende. Então chega mais e bora falar sem enrolação.

1. Incorporação não é possessão

Esse é o erro mais comum que eu vejo por aí. Muita gente ainda acha que o médium “perde a consciência” e é “tomado” pela entidade, como se fosse um filme de terror. Nada a ver! A Umbanda não trabalha com possessão. O que acontece é um acoplamento fluídico, uma sintonia energética entre o campo do médium e o campo espiritual da entidade. Ou seja, o médium atua junto com a entidade. É uma parceria. A entidade se comunica, mas respeita totalmente o campo do médium.

2. Não é todo mundo que desmaia ou apaga

Outro mito: “Ah, se o médium tá consciente, não é incorporação de verdade.” Mentira. Cada médium tem um tipo de sensibilidade. Alguns sentem mais, outros menos. Alguns entram num estado alterado de consciência mais profundo, outros mantêm a lucidez o tempo todo. E tá tudo certo! Isso não diminui a força da entidade, nem a veracidade da incorporação.

3. Incorporação não é teatro

Já ouvi gente falando que incorporação é encenação. Que os guias são personagens criados pela cabeça do médium. Mas quem fala isso, geralmente, nunca pisou num terreiro de verdade, nunca sentiu a vibração de um Preto Velho passando o olho por dentro da alma da gente. Entidade de verdade tem energia, tem força, tem axé. Não é interpretação, é presença espiritual real.

4. Entidade não dá show

Tem médium que acha que precisa rodar, girar, cair no chão, gritar, fazer um escândalo... Não precisa. Muitas vezes, quanto mais centrado e firme o médium estiver, mais limpa e poderosa será a manifestação da entidade. Incorporação não é espetáculo, é trabalho espiritual. E quanto mais equilíbrio tiver, melhor a entidade consegue atuar.

5. Não existe guia que "baixa" na marra

Entidade de luz não força ninguém. Se o médium não estiver pronto, a entidade não vai tomar o corpo dele à força. Quem faz isso é espírito obsessor. Guia de verdade respeita o tempo do médium, educa, ensina, acompanha o processo. Na Umbanda, ninguém é obrigado a incorporar.

6. A incorporação não vem da cabeça – mas passa por ela

O médium é o instrumento, e como todo instrumento, precisa estar afinado. Por isso, quem não estuda, não se cuida, não se limpa, não medita, dificilmente vai ter uma incorporação equilibrada. O guia espiritual precisa passar pela vibração mental e emocional do médium pra se expressar. Então não é “vir do ego”, mas também não é “sumir o ego”. É colocar o ego a serviço do espiritual.

Incorporação é uma das ferramentas mais lindas da Umbanda. É um milagre de conexão entre mundos. Mas pra ser verdadeira, precisa de estudo, firmeza, humildade e entrega. E acima de tudo, precisa quebrar esses mitos que só atrapalham quem tá começando ou quer evoluir.

Se você é médium, não tenha medo. Se entregue com consciência, com fé, e principalmente com os pés no chão. Porque quando a gente incorpora com verdade, o guia não só fala pela nossa boca, ele fala com a nossa alma.

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